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sábado, 16 de janeiro de 2021

As correntes

Durma, coração cansado

Descanse, desacelere

Não!

coração trabalha 


o tempo todo. 

Por isso estou cansado

Por isso acordo e me arrasto

Por isso esse cansaço

Que me domina

Que me consome

Que me faz acordado

Escutando as correntes

Que metalizam 

Meu pensamento

Que me giram em torno

De mim mesmo,

Que não sei o que procuro

Durma ou me deixe dormir

Trégua é o que preciso

Para não ouvir

O som da minha voz

O som do meu silêncio 

E os passos apressados

Dos viventes suados.

Vejo cenas

Nas paredes do meu quarto 

e o mundo se desliga

Meus olhos teimam

Em ficar abertos

E apesar de exausto

O sono não  aparece

E o mundo dorme e eu escuto

Risadas que apaguei

Resposta falsas

Perguntas que fiz

e não serão respondidas.

Não dormir

É uma lenta

Pena de morte.


(Olinto Vieira)

Pavio


Dispersão, fuja da

Prisão, entre  na

Gaiola, saia de

Pressão, ande mais

Depressa, um pavio

Aceso.

Explosão!


( Olinto Vieira)

O Malabarista

Um menino entre tantos

Vivendo um sonho

Entre restos e escombros 

Da Vila miséria. 

Um diamante 

nascido lapidado

Uma pérola única,

Um gigante

Em um corpo miúdo 

Humano como os mais

Humanos dos viventes. 

Vibrante com seu dom. 

Equilibrista em uma corda 

entre abismos.

Caiu, tantas vezes ferido.

Encantou a turba 

que o aplaudiu e apedrejou, 

querendo mais e mais.

Acreditavam ser ele

 mais do que era, 

como se não bastasse 

ser uno.

Um deus de carne e osso

Daqueles

Criado com esmero 

Do Sopro Maior.

Se benzia sabendo 

De seu coração

 igual ao meu e de todos.

Mortal, letal, com sua zurda.

Um mágico solidário 

em sua mestria.

 Sorriso juvenil, família.

Lágrima de se saber fraco. Sucumbiu, 

esquecendo as santas 

palavras da Oração maior;

Das tentações.

Como ele, não mais.

Semblante altivo

Um Davi 

que pouco a pouco

Destruiu seu coração 

De líder natural.

Poderia estar 

com sua zurda malabarista.

É inigualável.

Mas cansado se foi. 

Fez um esforço grande 

para morrer.

E foi,

Pelas mãos do seu povo encontrar-se com seu

Destino final.


( Olinto Vieira )

Lago

O rio que havia 

em mim 

virou um lago 

profundo. 


Que já não pode 

ser contido

sem alagar 

meu mundo. 


Por isso ele dói 

por dentro 

e eu o seguro 

forte. 


Por dias,

meses,  

séculos.


Intenso 

como a vida

Doído 

como a morte.


( Olinto Vieira)

Congelando Sentimentos

Os corredores são impessoais, constrangedores e frios.

Todos os corredores do mundo

São alimentados 

pela presença de pessoas

ora em desespero , ora acomodadas. 


Carregam a expectativa

Em suas paredes, de, 

Vez por outra

Receber notícias.

Mas o normal é que 

sirva de espera

Silêncio e lamentação 


Tem quem pense mil vezes

antes de enfrentar 

os corredores. 

"Mais fácil com as "máscaras artificiais."

que todos usam  por cima da máscara de comedores

 de carne, bebedores de sangue.

Aqui e alhures


Há esperança de vida 

entre os corredores, 

Unilateralmente.

Poucos amigos. 


Maria Solidária ?

Ela não existe por lá. 

Já se foi, 

Sem deixar  herdeiros

Seria mais fácil se fossem

 Sem amarras, sem respostas

 sem programas

 sem pessoas

corregedouras curtas

se desvencilando, sempe.

Sem punições, é claro.


"Tenho reunião!"

Um sinal artificial em uma

grande  catarse mundial, 

desculpa perfeita

 para o tão esperado  distanciamento 

que sempre houve


Como nos encontrar, satisfeitos

longe do drama?

Sentados, impávidos.

Esperando a vida passar

Congelando os sentimentos


( Olinto Vieira 09 /01/2021)

Benditos sejam!

Estou pensando 

em guardar segredos. 

De mim mesmo, 

já que sou querido 

pelos meus.

 Apenas para os meus

 me abro. 

Porque sem eles

 nao sou ninguém. 

Não me importa nada, 

só a amizade 

de se ocuparem comigo 

de verdade.

 Os meus são assim, 

me amam como sou, 

agora e por toda eternidade.

"Me ligue, me chame, estou aqui"


Eles sabem quem são!

Eu sou assim por eles.

Sem diferença de nada,

 só o bem querer,

 que Deus fez 

com que nos unisse. 

 Por eles a vida 

vale a pena. 

Se não fosse por eles,

 melhor não existisse.


( Olinto Vieira)

Fusca Branco

E sobre o fusca branco

depositei todas as 

esperanças dos 

meus melhores sonhos.

E vez em quando

vejo um, 

tomo para mim, 

me lembro novamente 

de mim mesmo, 

esquecido que sou

do importante da vida.


(Olinto Vieira)

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Incômodo com a poesia

Ver criar incomoda os que lidam com ego, copiar o já estabelecido e tecnicamente reproduzir é algo que está aquém do criar.


Como está aquém o que povoa a mente de teorias que facilmente serão esquecidas, pelo pouco conteúdo que as rodeiam


É, eu sei. Poesia é algo de difícil compreensão e no mundo pós pergaminho, é guardada em caixas de brinquedo e diversão.


A Divisão hoje é do joio. O trigo já não tem tanto valor. Tudo virou competição e relativisou-se todos os conceitos. Menos a poesia.


Nos muros e viadutos , Gentileza já fazia sua poesia autografada. Nas folias de boi, impossível distinguir a voz predominante, não sou EU, é o conjunto.


A teoria da construção de helicópteros era para Leonardo, uma diversão com memória seletiva. Sua personalidade era o supra sumo.


Hoje tantas coisas perderam o sentido quando olhadas de perto. Pastor, excelência,  doutor,  capitão. Em todos os termos, poucos o são. 


Então,  Escrever, do jeito sagrado que sempre foi, é maior que tudo. Seja com Paulo nas cavernas,  ou com Drummond, na repartição pública.

Sempre existiu poesia sem rima e prosa poética nas gavetas de grandes escritores, de forma mais densa do que a publicada.

sábado, 3 de outubro de 2020

O Suficiente

A vida me ensina que sou suficiente. Há verdades de música que são irreais. Só é possível ser feliz sozinho, perder minha liberdade jamais.


A gente se doa, completa e soma.

Se une, eleva a alma com alguém

Mas nossa essência é saber estar só; sem isso, não cativaremos ninguém.


Espaço.  No Espaço firmamos compromisso de vir a este mundo, só. Precisamos de espaço pois um dia iremos, únicos, cada um por sua vez, voltarmos ao pó.


Sabedoria é ter calma, saber se conter, para se equilibrar nas ondas do mar, suportando chuva, calor e frio, aprendendo a viver, aprendendo se amar.


(Olinto Vieira)