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quarta-feira, 22 de abril de 2009

Rui e Lincoln




Conta-nos Rubem Nogueira, no raro livro "O Advogado Rui Barbosa", que aos quinze anos de idade o moço já estava preparado para ingressar na Faculdade de Direito de Recife, no entanto, a legislação da época só permitia a entrada na universidade a partir dos dezesseis anos completos.


Alguém próximo à família cogitou em falsificar o documento do jovem para que ele não perdesse um ano sem estudar.


Ao saber disso o pai de Rui o chamou reservadamente e assim lhe aconselhou:


"Meu filho, não hás de começar a vida por uma falsidade".


E Rui respondeu: "Sim senhor, meu pai".


E assim Rui Barbosa foi forjado.


Honestidade na advocacia.
Honestidade na política.
Honestidade no jornalismo.


Foi a base de sua autoridade.
Um exemplo a inspirar a civilização brasileira.
Merece um quadro a enfeitar nossas paredes.
As paredes da nossa consciência.




Hélio Sodré, no livro História da Eloqüência Universal, nos conta que Abrãao Lincoln foi um dos grandes oradores da humanidade. Tinha um estilo formoso e simples de falar.



Sabia expor com clareza as mais complexas idéias.
O tom da fala era quase bíblico, profético, burilado com refinada emoção.
Era conciso, objetivo e simples, repita-se.
E honesto no que dizia e fazia.





Dirigia-se não somente à razão, mas à sensibilidade dos seus ouvintes.
Podemos dizer que Lincoln foi um dos geniais respresentantes de uma nova maneira de falar: a oratória natural e serena.
Como advogado, no tribunal do júri, expunha suas razões compassadamente, construindo cada argumento, como um admirável artista da palavra. Era tranquilo, mas enérgico quando precisava.





Osho nos narra uma passagem na vida de Abrãao Lincoln que bem nos mostra a lição que devemos tirar de sua eloquência. Quando Lincoln chegou à presidência dos Estados Unidos muitos ricos procuravam humilhá-lo por ser ele de origem pobre. Antes de iniciar seu discurso no Senado, como presidente, um homem, muito arrogante e burguês, adiantou-se antes que Lincoln começasse a falar e disse: "Lembre-se que o senhor é filho de um sapateiro". E todo o Senado riu. Lincoln, com firmeza e equilíbrio respondeu, espirituosamente:



"Estou tremendamente grato por você ter me lembrado do meu pai, que está morto. Sempre me lembrarei de seus bons conselhos. Nunca serei tão bom presidente quanto ele foi sapateiro."



Houve no ambiente um silêncio sepulcral. E continuou:


"Até onde eu sei, meu pai costumava fazer sapatos para sua família também. Se seus sapatos estiverem com algum problema traga-os a mim que eu resolvo, meu pai me ensinou o ofício, não chego nem aos seus pés, mas posso consertá-los. Estou diposto também a consertar, caso precise, os sapatos de todos vocês que foram clientes de meu pai. Mas uma coisa é certa: eu não posso ser tão bom quanto ele, seu toque era de ouro."



Ao terminar, as lágrimas caíram dos seus olhos e todo o Senador o aplaudiu em grande reverência. Além do grande esplendor verbal que inundou o espírito do homem naquele momento, belas lições de vida nos foram transmitidas e cabe a cada um examinar por si mesmo."

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