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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O Ano - Carlos Drummond de Andrade

"Quem teve a idéia
De cortar o tempo em fatias,
A que se deu o nome de ANO,
Foi um indivíduo genial,
Industrializou a esperança,
Fazendo-a funcionar
No limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano
Se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação
E tudo começa outra vez, com outro número.
E outra vontade de acreditar
Que daqui por diante vai ser diferente.."


EU ACREDITO!

domingo, 27 de dezembro de 2009

Coerência de Gandhi

"A minha incoerência é meramente aparente, em razão da atitude que tomo em fase de circunstancias várias. Recuso-me a ser escravo de precedentes ou a praticar algo que não compreenda nem possa defender com base moral. Não sacrificarei princípio algum a fim de conseguir vantagem política. Não estou absolutamente interessado em parecer coerente. No meu caminho em busca da Verdade, tenho abandonado muitas idéias e tenho aprendido muitas coisas novas. Velho como sou de corpo, não tenho a consciência de ter cessado de crescer interiormente, ou que o meu crescimento vá estagnar com a dissolução da minha carne. O que me interessa é a minha atitude de prontidão em obedecer ao chamado da Verdade, o meu Deus, de momento a momento.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Meu Menino Jesus - Roberto Carlos


Oh! Meu Menino Jesus
Na noite desse Natal
São as estrelas que brilham no céu
Do seu amor um sinal
Que em toda casa a alegria
Seja pra todos igual
Brisa de flor perfumando o jardim
Chuva de amor no quintal
E nessa noite feliz
Noite de paz e de amor
Todos veremos no céu
A estrela do Salvador
Te peço,Menino Jesus
Ponha na mesa de alguém
O que esse alguém sempre quis e não tem
Felicidade também

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O mal existe?

Alemanha – Inicio do século 20

Durante uma conferência com vários universitários, um professor da Universidade de Berlim desafiou seus alunos com esta pergunta:
- Deus criou tudo o que existe?

Um aluno respondeu com grande certeza:
- Sim, Ele criou!

-Deus criou tudo? Perguntou novamente o professor.

-Sim senhor, respondeu o jovem.

O professor indagou:
- Se Deus criou tudo, então Deus fez o mal? Pois o mal existe, e partindo do preceito de que nossas obras são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mau?

O jovem ficou calado diante de tal resposta e o professor, feliz, se regozijava de ter provado mais uma vez que a fé era uma perda de tempo.

Outro estudante levantou a mão e disse:
- Posso fazer uma pergunta, professor?
- Lógico, foi a resposta do professor.

O jovem ficou de pé e perguntou:
- Professor, o frio existe?
- Que pergunta é essa? Lógico que existe, ou por acaso você nunca sentiu frio?

Com uma certa imponência rapaz respondeu:
- De fato, senhor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é a ausência de calor. Todo corpo ou objeto é suscetível de estudo quando possui ou transmite energia, o calor é o que faz com que este corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Nós criamos essa definição para descrever como nos sentimos se não temos calor.

- E, existe a escuridão? Continuou o estudante.
O professor respondeu temendo a continuação do estudante: Existe!

O estudante respondeu:
- Novamente comete um erro, senhor, a escuridão também não existe. A escuridão na realidade é a ausência de luz. A luz pode-se estudar, a escuridão não! Até existe o prisma de Nichols para decompor a luz branca nas várias cores de que está composta, com suas diferentes longitudes de ondas. A escuridão não!

Continuou:
- Um simples raio de luz atravessa as trevas e ilumina a superfície onde termina o raio de luz.
Como pode saber quão escuro está um espaço determinado? Com base na quantidade de luz presente nesse espaço, não é assim?! Escuridão é uma definição que o homem desenvolveu para descrever o que acontece quando não há luz presente.

Finalmente, o jovem perguntou ao professor:
- Senhor, o mal existe?

Certo de que para esta questão o aluno não teria explicação, professor respondeu:
- Claro que sim! Lógico que existe. Como disse desde o começo, vemos estupros, crimes e violência no mundo todo, essas coisas são do mal!

Com um sorriso no rosto o estudante respondeu:
- O mal não existe, senhor, pelo menos não existe por si mesmo. O mal é simplesmente a ausência do bem, é o mesmo dos casos anteriores, o mal é uma definição que o homem criou para descrever a ausência de Deus. Deus não criou o mal. Não é como a fé ou como o amor, que existem como existem o calor e a luz. O mal é o resultado da humanidade não ter Deus presente em seus corações. É como acontece com o frio quando não há calor, ou a escuridão quando não há luz.

O jovem foi aplaudido de pé, e o professor apenas balançou a cabeça permanecendo calado. Imediatamente o diretor dirigiu-se àquele jovem e perguntou qual era seu nome?

E ele respondeu:
Albert Einstein, senhor!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Um Rei

O Brasil é o lugar ideal para se fazer cumprir a profecia Divina: “Crescei e Multiplicai!”; pelo menos parte dela. Multiplicam-se a cada dia os meninos e meninas nas calçadas, andado a esmo pelas ruas, ao abandono. Em todos os rincões deste País. Vejo crianças abandonadas nas reportagens de televisão, nas cidades grandes, nas capitais, nas vilas do interior, fazendas. Crescendo, não sei se estão. Estamos endurecendo as nossas crianças a cada dia, tornando-as pessoas tristes, desanimadas, sem vislumbrar um futuro promissor. Hoje em dia é mais difícil encontrar histórias de pessoas que venceram a pobreza desde crianças; antes víamos tantos testemunhos vencedores de vida, daquele menino que saiu de casa, deparou-se com a fome, deu um drible nela e sagrou-se campeão neste jogo da vida.

No Natal, tenho aflorado um sentimento de que tudo poderia ser diferente, afinal de contas, numa estrebaria, lugar onde se acomodavam cavalos e jumentos, Jesus veio ao mundo, sem luxo, sem pompas e nem riqueza. Simplesmente um Rei, o maior de todos, nascido em um berço improvisado numa manjedoura, lugar onde os animais comiam. A maneira como nasceu fez Dele uma referencia de humildade, simplicidade e desprendimento. Ressuscitou mortos, fez cegos enxergarem a Luz do Sol e aleijados caminharem com as próprias pernas. Poderia ter a mais luxuosa mansão e os mais fartos banquetes.

Um Rei vivendo como os plebeus! Naquele 25 de Dezembro, quantas pessoas poderiam imaginar a Riqueza que estava ali, naquele quintal de fazenda? Poucas pessoas faziam idéia disso. Este exemplo cura o meu momentâneo desânimo. Este ano que está passando foi difícil para mim e para a maioria das pessoas. Porém, vencendo as dificuldades, as vezes à custa de suor e algumas lágrimas, vejo que ainda tem espaço para que algumas delas - as lágrimas - sejam de alegria. Celebremos a vida, esta dádiva milagrosa e simples que nos foi ofertada pelo Criador. Se existem barbaridades acontecendo, por mais que elas aconteçam, Jesus nasceu e está sempre presente.

Se muitas crianças estão na rua, relegadas ao abandono, aos pesados vícios que a cada dia prendem mais pessoas a ele, um dia tivemos a Graça de contar com o Salvador, aqui na terra, pertinho de nós, ensinando o Caminho da Vitória, mostrando como sair de todas as dificuldades. E ele não veio nascido em berço de ouro, e sim, de uma forma muito parecida com o nascimento de muitas pessoas carentes neste mundo afora. Isso foi para que tivéssemos também dentro de nós este sentimento de que mesmo diante de embaraços de dificuldade, a luz sempre existe no final do túnel. Lá na frente, sempre vem tempo bom! Feliz Natal para todos nós!

domingo, 20 de dezembro de 2009

DEUS, NA ESCRITA DE GUIMARÃES ROSA

- "Deus é urgente sem pressa. O sertão é Dele".

- "O que Deus sabe, Deus sabe"

- "Deus é paciência. O contrário é o diabo"

- "Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve

- "Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois no fim dá certo"

- "Deus governa grandeza"

- "Deus não quer consertar nada a não ser pelo completo contrato: Deus é uma plantação"

- "Deus nunca desmente"

- "Deus vem vindo: ninguém não vê. Ele faz é na lei do mansinho - assim é o milagre. E Deus ataca bonito, se divertindo, se economiza".

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Mauro Betting e o Galo


Este ano o Galo machucou de novo o meu coração. Liderou por algumas rodadas o Brasileirão e no final ( bem antes da final) tombou, terminou em sexto. Mas não tem nada não, ser atleticano é maior do que isso. Li um texto do jornalista Mauro Betting, por ocasião do centenário do Atlético que reflete muito bem isso. Serve para todos os times que não se contentam apenas com títulos.




COISAS QUE SÓ O ATLETICANO ENTENDE




" O melhor lance do Atlético não foi num jogo. Foi fora dele. Foi numa derrota. Minto, num empate de um time invicto, o supervice-campeão brasileiro de 1977. Não foi o melhor jogo ou jogada. Mas não teve nada mais atleticanoque aquilo: depois da derrota nos pênaltis para o São Paulo,Mineirão e Brasileirão estupefatos pela queda sem derrota de umsenhor time de bola, os jogadores baqueados e barreados pela chuva epela lama se abraçaram no gramado e assim foram ao vestiário.


Foi a primeira vez que vi a cena reverente que virou referência. Ninguém estava fazendo marketing (nem existia a tal palavra). Nenhumjogador estava jogando pra galera. Era fato. Time e torcida estavamjuntos naquele abraço doído e doido. Como tantas vezes o atleticanoesteve junto com o time. Qualquer time. Nada é mais atleticano que aquilo: um time que se comportou como otorcedor. Solidário na dor, irmão no gol. O atleticano é assim: tema coragem do galo, mas não a crista. Luta e vibra com raça e amor.Mas não se acha o dono do terreiro.


Sabe que precisa brigar contra quase tudo e contra quase todos. Até contra o vento, na célebre imagem de Roberto Drummond. Aquela que fala da camisa preta e branca pendurada num varal durante uma tempestade. Para o escritor atleticano, ou, melhor, para o atleticano escritor, o torcedor do Atlético sopraria e torceriacontra o vento durante a tormenta.


Não é metáfora. É meta de quem muitas vezes fica de fora da festa. Não porque quer. Mas porque não querem. Posso falar como jornalistahá 17 anos e torcedor não-atleticano há 41: não há grande equipe no país mais prejudicada pela arbitragem. Os exemplos são tantos e estão guardados nos olhos e no fígado. Não por acaso, o atleticano acaba perdendo alguns jogos e títulos ganhosporque acumulou nas veias as picadas do apito armado.


Algumas vezes, é fato, faltou time. Ou só sobrou raça. Mas não faltou aquilo que sobra no Mineirão, no Independência, onde o Galo for jogar: torcida. Pode não ser a maior, pode não ser a melhor,pode até se perder e fazer perder por tamanha paixão, cobrando golsdo camisa 9 como se todos fossem Reinaldo, pedindo técnica e armação nomeio-campo como se todos fossem Cerezo, exigindo segurança eelegância da zaga como se todos fossem Luisinho.


Mas não se pode cobrar ninguém por amar incondicionalmente.


O atleticano não exige bola de todo o time. Não cobra inspiração de cada jogador. Quer apenas ver um atleticano transpirando em cada camisa, em cada posição, em cada jogada. Por isso pede para que o time lute. É o mínimo para quem dá o máximo na arquibancada. A maior vitória atleticana é essa. Mais que o primeiro Brasileirão,em 1971, mais que o vice mais campeão da história do Brasil, em 1977. Os tantos títulos e troféus contam. Mas tamanha paixão, essa não se mede. Essa é desmedida. Essa é a essência atleticana.


Essa é centenária. Essa é eterna."


É de arrepiar!!

Advocacia e Xadrez


Mais uma bela postagem do Dr. Sanderson Moura. " Encontrei no livro Moderno Dicionário de Xadrez, de Byrne J. Horton, uma belíssima análise do que seja a experiência e o seu valor, e que se aplica também na advocacia, e em qualquer outra profissão.


"Aprender fazendo. É a aquisição de conhecimentos de primeira mão e de habilidade na condução de partidas, pela prática contínua.

O xadrez aprende-se facilmente, mas é difícil de jogar inteligentemente. Quando tiramos proveito da prática estamos acumulando experiência. Podemos obtê-la diretamente por nossos próprios esforços, ou interpostamente, aproveitando da experiência alheia.

A experiência direta, pessoal, pode ser um caminho tedioso e desagradável de aprendizado; por meio de outros, entretanto, seja de professores ou livros o estudo pode ser realizado por métodos mais econômicos. Na análise final, os livros são professores silenciosos, eles apresentam as melhores experiências de gerações de especialista.

Toda essa experiência acumulada pelos outros serve de base teórica pra nossa própria experiência. Depois de tudo dito e feito, ainda é a experiência pessoal o árbitro final de toda a teoria".

De tudo isso podemos dizer: que aprendemos com a experiência, com a nossa e com a dos outros; que a teoria nasce da prática e a prática nasce da teoria; que advogar é fácil, o difícil é advogar inteligentemente, como o jogador da arte do xadrez; que a experiência é posto, tem valor, tem brilho, tem poder, e que é o pulo do gato, a distância, a diferença, o abismo, entre o mestre e o aprendiz."

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Origem dos nomes dos Estados

Os Estados brasileiros foram batizados de acordo com basicamente três fontes: nomes indígenas relacionados à região, acidentes geográficos ou nomes de santos. Veja a origem de cada um.
Acre - o nome provavelmente vem de 'aquiri', corruptela de 'uwákürü', vocábulo do dialeto Ipurinã que denominava um rio local. Conta a História que, em 1878, o colonizador João Gabriel de Carvalho Melo fez um pedido por escrito a um comerciante paraense de mercadorias destinadas à 'boca do rio Aquiri'. Só que o comerciante não entendeu a letra de Melo, que parecia ter escrito algo como 'acri' ou 'aqri', e as compras foram entregues ao colonizador com o destino 'rio acre'
Alagoas - deriva dos numerosos lagos e lagoas que banham a região. Só Maceió, a capital, possui 17 lagoas, entre mais de 30 em todo o Estado
Amapá - a origem desse nome é controversa. Na língua tupi, o nome Amapá significa 'o lugar da chuva' - 'ama' (chuva) e 'paba' (lugar, estância, morada). A tradição diz, no entanto, que o nome teria vindo do nheengatu, uma espécie de dialeto tupi jesuítico, que significa 'terra que acaba', ou seja: 'ilha'. Também pode se referir à árvore amapá (Hancornia amapa), muito comum na região. Sua seiva é usada como fortificante e estimulador do apetite
Amazonas - o nome, que se transmitiu do rio à região e, depois, ao Estado, deve-se ao explorador espanhol Francisco de Orellana que, em 1541, ao chegar à região, teve de guerrear com uma tribo indígena. O cronista da expedição relatou que os guerreiros eram, na verdade, bravas índias. Elas foram comparadas às amazonas, mulheres guerreiras que, segundo lenda grega, retiravam o seio direito para melhor manejarem o arco-e-flecha

Bahia - deriva da Baía de Todos os Santos, região onde atracou uma esquadra portuguesa em 1º de novembro de 1501, dia dedicado a Todos os Santos. Em 1534, quando o Brasil foi dividido em capitanias, havia uma orientação para que elas fossem batizadas com nomes dos acidentes mais notáveis nos seus territórios

Ceará - vem de 'ciará' ou 'siará' - 'canto da jandaia', em tupi, um tipo de papagaio pequeno e grasnador;
Espírito Santo - o Estado originou-se de uma capitania doada a Vasco Fernandes Coutinho, que chegou à região no dia 23 de maio de 1535, um domingo do Espírito Santo (ou Pentecostes, 50 dias após a Páscoa), razão pela qual a capitania recebeu esse nome;
Goiás - deriva do nome dos índios guaiás, que ocupavam a região no final do século 16, quando lá chegaram os bandeirantes em busca de ouro;
Maranhão - outro nome com origem controversa. Uma das hipóteses é que venha do nheengatu 'mara-nhã', outra é que tenha origem no tupi 'mbarã-nhana' ou 'pára-nhana', que significa 'rio que corre'. Outra possível origem está no cajueiro, árvore típica da região conhecida como 'marañón' em espanhol;

Mato Grosso - a denominação tem origem em meados da década de 1730 e foi dada pelos bandeirantes que chegaram a uma região onde as matas eram muito espessas. Embora a vegetação do Estado não seja cerrada e densa em toda a sua superfície, o nome foi mantido e se tornou oficial a partir de 1748/;

Mato Grosso do Sul - a criação do Estado é resultado de um longo movimento separatista que teve sua origem em 1889, quando alguns políticos propuseram a transferência da capital de Mato Grosso para Corumbá. Na primeira metade do século 20, com a chegada de seringueiros, criadores de gado e exploradores de erva-mate à Região Sul, ficou clara a diferença entre as duas metades do Estado. E em 1977 ele foi desmembrado;

Minas Gerais - a existência na região de inúmeras minas com metais preciosos, descobertas pela exploração dos bandeirantes paulistas no final do século 18, deu origem ao nome do Estado. O motivo da junção do adjetivo 'gerais' para 'minas' pode ser por conta dos vários tipos de minérios ou também para diferenciar das minas particulares;

Pará - vem da palavra tupi 'pa'ra', que significa 'mar'. Esse foi o nome dados pelos índios para o braço direito do rio Amazonas que, ao confluir com o Rio Tocantins, se alonga muito parecendo o mar;

Paraíba - vem da junção do tupi 'pa'ra' com 'a'iba', que significa 'ruim, impraticável para a navegação'. O nome foi inicialmente dado ao rio e depois ao Estado;

Paraná - também formado pela junção de 'pa'ra' com 'aña', que significa 'semelhante, parecido'. A palavra serviria para designar um rio semelhante ao mar;

Pernambuco - o nome vem do tupi-guarani 'paranambuco', junção de 'para'nã' (rio caudaloso) e 'pu'ka' (rebentar, furar) e significa 'buraco no mar'. Os índios usavam essa palavra para os navios que furavam a barreira de recifes;

Piauí - do tupi 'pi'awa' ou 'pi('ra)'awa', que significa 'piau, peixe grande', com 'i' (rio). Ou seja, rio das piabas ou dos piaus;

Rio de Janeiro - em 1º de janeiro de 1502, uma expedição portuguesa sob o comando de Gaspar Lemos chegou ao que lhes parecia a foz de um grande rio, denominando o local como Rio de Janeiro, ao que é, na realidade, a entrada da barra da Baía de Guanabara;
Rio Grande do Norte - recebeu esse nome por conta do tamanho do Rio Potengi;

Rio Grande do Sul - primeiro chamado São Pedro do Rio Grande, por causa do canal que liga a lagoa dos Patos ao oceano.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Prático, rápido e eficaz

Para quem quer uma resposta rápida, uma ótima dica é este site em que você digita a frase e ele responde com as novas regras ortográficas em vigor. Dica do meu amigo Pedro Zacarias, de Governador Valadares.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Dicas de um especialista em motivação

Doicas do Roberto Schinyaschiki. 2010 vai ser um ano de muito crescimento, muita movimentação, muitas oportunidades de sucesso. Os empregos vão estar a todo vapor e muitas portas estarão se abrindo para quem ousar avançar. Algumas competências serão fundamentais para você ter sucesso no próximo ano. Veja algumas dicas para aproveitar melhor as oportunidades de 2010:
1. Prepare-se para decidir rápido e implantar suas decisões ainda mais rapidamente. O sucesso virá para aqueles que tiverem a capacidade de dar respostas velozes às oportunidades.
2. Aprimore seus pontos fracos. Por exemplo, os homens devem desenvolver mais a intuição, enquanto as mulheres precisarão aprender a lidar mais com estatísticas, com números.
3. Invista forte em aumentar a capacidade sua e de sua equipe, para transformar oportunidades em resultados. É preciso fazer a equipe trabalhar rapidamente. O sucesso virá para quem souber agir e entregar os resultados antes que a concorrência.
2010 vai ser um ano de decisões e ações que poderão trazer-lhe muito sucesso. Será o ano dos campeões, daqueles que gostam de desafios e superação.

Fique de olho, que darei muitas outras dicas para o seu sucesso.
Um grande abraço,
Roberto Shinyashiki

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Corrida Presidencial

Uma nova pesquisa Vox Populi, divulgada nesta quinta-feira (10), pelo Jornal da Band, mostra que o pré-candidato do PSDB José Serra continua liderando a corrida para as eleições presidenciais de 2010, mas o percentual das intenções de voto no atual governador de São Paulo caiu em relação ao último levantamento, feito no mês passado. Nessa última pesquisa, Serra aparece com 36% das intenções de voto, enquanto na anterior ele tinha 40%.

Já a pré-candidata do PT, a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, cresceu nas intenções de voto. Ela, que continua em segundo lugar, subiu de 15% na pesquisa do mês passado, para 19% neste último levantamento.Ciro Gomes (PSB) aparece em terceiro lugar, com 13% das intenções de voto, seguido de Heloísa Helana (PSOL), com 6%, e Marina Silva (PV), com 3%.

Em um outro cenário, com a vaga do PSDB ocupada pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves, os números mudam. Dilma Roussef lidera a pesquisa, com 20% das intenções de voto, seguida de Ciro Gomes, com 19%, Aécio Neves, com 18%, Heloísa Helena, com 8%, e Marina Silva, com 4%.

A pesquisa perguntou ainda em qual candidato o eleitor não votaria. Aécio Neves foi o que teve menor rejeição (5%). Ciro Gomes vem em segundo, com 8%, seguido de Heloísa Helena, com 10%. Marina Silva e José Serra aparecem com 11% e Dilma Roussef 12%.

Nova Lei do Inquilinato preocupa locatários de imóveis comerciais

SÃO PAULO - A Lei do Inquilinato foi alterada, entrando as alterações em vigor dentro de 45 dias. Referida Lei, sancionada ontem (09/12), tem causado preocupação aos locatários, especialmente os de imóveis comerciais. A Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) foi taxativa e explicou que as mudanças prejudicam inquilinos. "A lei reduz prazos para desocupação", explica o assessor jurídico da entidade, Raphael Noschese.Uma das novas regras diz respeito à caução a ser depositada pelo locador. Para executar o despejo e tomar posse do imóvel, segundo Noschese, o locador tinha de depositar um montante equivalente a 12 a 18 meses do valor do aluguel.
Com a nova lei, o depósito deve equivaler a um valor correspondente a seis a 12 meses de aluguel.A Fecomercio foi uma das entidades que postulou o veto de partes do projeto de lei, obtendo sucesso quanto ao parágrafo 3º do artigo 13, que previa que a simples transferência do controle societário do locatário seria equiparada à cessão do contrato de locação. O consenso, segundo Noschese é que "uma coisa não tem a ver com outra".Entretanto, o polêmico artigo 74 foi vetado apenas parcialmente. O projeto de lei previa concessão de liminar para desocupação do imóvel em 15 dias, quando houvesse pedido de retomada em razão de melhor proposta apresentada por terceiros.
Noschese explicou que esse prazo mudou para 30 dias, no texto aprovado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O prazo continua apertado", ressaltou. "A lei atualmente em vigor prevê 180 dias para o despejo, após o trânsito em julgado da sentença, ou seja, após a decisão do tribunal. Nesse meio tempo, o locatário tinha tempo para se preparar e procurar outro imóvel. A mudança pode até causar desemprego, já que as empresas prejudicadas, muitas delas de pequeno porte, possuem inúmeros funcionários. As pequenas empresas são as principais empregadoras do país" , opinou.
Esse ponto também chamou a atenção de Mario Cerveira Filho, sócio do escritório Cerveira, Dornellas e Advogados Associados. "A lei vai fazer com que as ações de despejo fiquem muito mais rápidas do que eram, tanto no caso do imóvel comercial quanto no caso do residencial", disse. "Embora eu admita que a lei em vigor hoje vem beneficiando maus pagadores".Outro ponto perverso da lei, segundo ele, diz respeito ao atraso no pagamento. "Na lei antiga, o locatário podia atrasar o aluguel duas vezes, no máximo, em um período de 12 meses. Na terceira vez, o locador tinha direito de não aceitá-lo mais como inquilino. Na lei nova, o locatário somente pode atrasar o pagamento uma única vez em um período de dois anos. Mas e se ele esquecer de pagar, ou ficar doente, ou viajar?", questiona.
Na contramão das opiniões, o presidente da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi), Pedro Carsalade, afirma que a lei, na realidade, favorece o inquilino. "A Lei do Inquilitano não mudava há 18 anos", disse. "Nós temos uma série de imóveis fora do mercado exatamente porque o trâmite no Judiciário era demorado. Levava-se 14, 15 meses para despejar um inquilino que não estava pagando o aluguel. Além de não receber o aluguel pelo imóvel, o locador tinha de esperar mais de um ano", afirma Carsalade. Segundo ele, as pessoas ligam proprietários de imóveis a grandes investidores, o que não é verdade.
"Há pessoas que juntaram dinheiro ao longo de suas vidas e conseguiram comprar um imóvel para alugar, como complemento de renda. Só que muitas delas não estavam alugando justamente por conta da inadimplência". Como o mercado de imóveis também é guiado pela lei da oferta e da demanda, a aposta de Carsalade é de queda nos preços dos imóveis para locação. Quanto à polêmica questão da oferta de um terceiro, que pode levar o locatário a sair perdendo, ele diz que uma das críticas dizia respeito à simulação dessa oferta, o que não passaria de uma especulação, já que é fácil descobrir esse tipo de manipulação e as penalidades são altas. Para ele, a lei apenas trouxe equilíbrio entre as partes envolvidas. Veja aqui a nova lei.
Uol notícias

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O Grande Ditador

Em seu filme "O Grande Ditador", Charlie Chaplin vive uma brilhante sátira a Adolph Hitler. O climax clássico deste filme é o célebre discurso final ( O último Discurso), um libelo ao triunfo da razão sobre o militarismo. Atuando e sendo o diretor do filme o Grande Ditador, Chaplin foi incrivelmente acusado pelo Comitê das Atividades Antiamericanas, além de ter sido confundido à figura de um comunista com um discurso anti-nazista e humanitário! Trata-se de um tributo a paz e serve direitinho para os dias de hoje ( aproveito para postar dois desenhos meus, tirados do baú):

"Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos. Todos nós desejamos ajudar uns aos outros.

Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar ou desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades.


Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como um gado humano e que vos utilizam como carne para canhão! Não sois máquinas! Homens é que sois!







E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos.Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas é escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou de um grupo de homens, mas dos homens todos! Estás em vós!



Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas! O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem! Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos."

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Feriados e respectivas leis

Site com relação de feriados e respectivas leis. Aqui

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Um avião quase parado no céu - Marina Silva


“Mas, afinal, o tempo que valia mesmo era o nosso, o das nossas circunstâncias. Não nos incomodamos de saber, com cinco anos de atraso, algo que já era História no restante do mundo. Nossa velocidade, vejo agora, não era veloz. E isso não tinha a menor importância”.
Quando penso em velocidade, e acho que com a maioria das pessoas é assim, tenho a idéia de algo acontecendo muito rapidamente, de um tempo e um espaço a serem vencidos. Embora velocidade também tenha a ver com lentidão, raramente pensamos nela com esse sentido.
Para mim, ela só é perceptível numa relação comparativa. Minha primeira percepção a esse respeito foi por volta dos seis anos, quando vi os primeiros tratores e caminhões na BR-364, então recém aberta, que passava perto da colocação Breu Velho do seringal Bagaço, no Acre, onde nasci.

Colocação é o espaço de vida e trabalho de cada família seringueira. Um seringal se compõe de várias colocações. Numa parte da colocação fica a clareira com a casa, a pequena roça de subsistência, árvores frutíferas, local para a criação de alguns animais e um terreiro. Em torno, numa certa faixa da floresta, identificam- se as árvores para o corte e retirada do latex que vai virar borracha. Anda-se diariamente cerca de 14 quilômetros, o que corresponde a fazer duas vezes o percurso que sai da casa e vai serpenteando por todas as árvores selecionadas, retornando ao ponto inicial. Na primeira passada faz-se o corte, na segunda a coleta. É o que se chama estrada de seringa. Esse era o nosso universo espacial e temporal. De certa forma ele se transferia para dentro de nós e estabelecia formas de conhecimento do mundo. A existência de carros rápidos, de que meu pai falava, só ficou palpável com a BR 364. Primeiro, meu pai abriu um caminho até a estrada. Depois mudou a casa para perto dela, num lugar ao qual demos o nome de Breu Novo.
Aí comecei a prestar atenção também nos aviões que passavam de vez em quando. Olhava para o céu e parecia que eles iam tão devagarzinho, de uma maneira tão suave, chegava a imaginá-los quase parados. O avião, o trator, os caminhões passaram a ser referências novas, diferentes do cavalo, da bicicleta. O caminhão, para mim, era de longe o mais rápido.
Passei também a associar velocidade a perigo. Minha mãe e minha avó diziam o tempo todo que era preciso ter muito cuidado. Aparecia um caminhão hoje, outro lá pela semana seguinte ou até mais, mas a criançada tinha que estar sempre atenta “pra atravessar a BR”. Mesmo naquele ermo, tinha-se que olhar para um lado, depois para o outro e só depois atravessar. E, ainda assim, com certo medo. Mas o impacto maior de conhecer experiências e coisas diferentes de nossas práticas cotidianas, aconteceu quando vi pela primeira vez um fogão.



Desde uns dez anos de idade, eu acordava todo dia por volta de quatro da manhã para preparar a comida que meu pai levava para a estrada de seringa. A rotina era imutável e demorada: levantar, pegar gravetos no monte de lenha, colocar sernambi - pedacinhos de latex coalhado - para queimar no fogão de lenha, jogar nos gravetos por cima. Com lenha molhada, então, fazer o fogo era uma verdadeira batalha. Todo dia preparava farofa. Às vezes com carne, mas quase sempre com ovo e um pouquinho de cebola de palha, acompanhada de macaxeira frita. Aí botava dentro de uma lata vazia de manteiga, com tampa. Manteiga era comprada só quando minha mãe ganhava bebê. Meu pai encomendava no barracão - o entreposto de mercadorias mantido pelo dono do seringal - uma lata, pra fazer caldo d’água durante o período de resguardo. Por incrível que pareça, a manteiga vinha da Europa para as casas aviadoras de Manaus e Belém e dali chegava aos seringais do Acre. A lata era uma coisa preciosa. De bom tamanho, muito útil, tinha tampa e desenhos lindos e elegantes.


O ritual de fazer fogo, preparar o café e a farofa e entregar a lata a meu pai levava uns 45 minutos. O que eu sabia de cozinhar se resumia àquilo. Até que vi pela primeira vez um fogão a gás, em Rio Branco, quando tinha uns doze anos. Estava muito doente e fui com minha mãe. Ficamos na casa do meu tio, na periferia da cidade. Fiquei encantada com o fogão. Como era rápido! Subia de repente um fogo azul e era só botar a panela em cima!
Muito mais tarde, morando já em Brasília, estava atrasadíssima para uma votação no Senado e precisava comer alguma coisa antes de sair de casa. Programei o microondas para 45 segundos e fiquei na frente, estalando os dedos, agoniada, como se pudesse apressar ainda mais a máquina: vamos, vamos, vamos! E enquanto estava ali, nessa coisa meio maluca e ridícula, me veio de uma vez à mente a rotina do seringal. Me vi queimando o sernambi, a lenha, fazendo a farofa, preparando a lata de manteiga. O fogo vermelho e barulhento dos gravetos, a descoberta da chama azul do gás.

Acho que a vida toda fui manejando as coisas do tempo e da velocidade, sem perder o meu tempo e a minha velocidade internos. No meu aprendizado de vida, as coisas velozes sempre se associavam à cidade, e as mais vagarosas à floresta. De nossa colocação até o Piratinim, um dos barracões do Bagaço, eram onze horas de caminhada. Dali até a margem do rio, era mais uma hora. E da margem do rio para Rio Branco, em torno de dois dias e meio. Hoje se leva menos de uma hora, por asfalto, para vencer os 75 quilômetros daquele ponto até Rio Branco.
Em geral as pessoas me acham muito calma. Talvez isso tenha a ver com a minha conformação emocional, mas é também um jeito de me relacionar com as dimensões do cosmos, de tal modo que vou internalizando e conciliando a frequência tecnológica e o ritmo frenético da vida urbana e da política com a potência do rudimentar que faz parte de mim e sempre fará.
Na floresta, onde todo deslocamento demandava muito tempo, paradoxalmente recorríamos à velocidade do som para nossas necessidades de comunicação mais urgentes.

Quando se queria avisar do nascimento de uma criança, sem ter que andar horas ou até dias pela mata, usava-se um código: dois tiros de espingarda significavam que nascera uma menina; três tiros, um menino. Se alguém morresse, eram sete tiros. E no último dia do ano, doze tiros para compartilhar a comemoração do ano novo.Nosso totem tecnológico era o rádio a pilhas, um bem quase mitificado. Podia faltar tudo, menos pilha para o rádio. O nosso era da marca Canadian. Meu pai, minha mãe e minha irmã mais velha eram os que sabiam manejá-lo. Ficava bem alto, numa pequena plataforma na parede. Minha irmã tinha que subir no banco para alcançar e meu pai e minha mãe ficavam na ponta dos pés.

E ninguém mais podia mexer, para não prejudicar o ajuste e não dar chiado. Para meu pai, era sagrado ouvir a Voz do Brasil e os noticiários em português da BBC de Londres e da Voz da América. Minha mãe e minha irmã mais velha gostavam das novelas.
O rádio em si atraía muito minha curiosidade e mesmo com todas as advertências, algumas vezes não resisti e mexi. Levava cada carão, pois, é claro, desajustava as faixas e lá vinha o odiado chiado. Uma vez consegui desparafusar a tampa traseira para ver se havia gente dentro da caixa. Meu pai gostava muito de informação. Minha mãe sempre pedia ao noteiro - o homem que fazia as contas do saldo dos seringueiros e anotava as encomendas de cada família - revistas velhas porventura descartadas pelos patrões, em Belém. De quando em vez, vinham revistas Manchete. Minha mãe separava as páginas mais bonitas ou com muitas fotos para forrar as paredes da casa, um costume dos seringueiros. Mas antes que ela recortasse tudo, meu pai lia tudo avidamente, mesmo sendo notícias velhas.

Nunca esqueci as fotos da morte do presidente Kennedy. Meu pai sentado no chão, com a Manchete aberta no colo, rodeado de crianças, lia em voz alta e explicava o acontecido. Ele já sabia, como fiel ouvinte da Voz da América, mas agora era diferente, tinha o peso das imagens. Ele dizia “presidente da América do Norte”, e não Estados Unidos. Das coisas que meu pai contou, o que mais me impressionou foi que, ao prenderem o suposto assassino, alguém teria gritado: “quebrem-lhe os polegares!”.

Só que, quando olhávamos fascinados as fotos de Kennedy na Manchete de novembro de 1963, já estávamos em 1968, cinco anos depois da tragédia de Dallas. Entre o acontecimento, a informação e a imagem, a completa percepção se arrastara por vários anos. É como se o fato tivesse viajado intacto pelo espaço, em cada detalhe: o estado de choque das multidões, o sangue do presidente, seus filhos tão pequenos, o corpo caído no carro. E de repente tudo isso aterrissou em nosso seringal, sem quebrar a emoção e o impacto, como se fosse uma época invadindo o domínio de outra.

Mas, afinal, o tempo que valia mesmo era o nosso, o das nossas circunstâncias. Não nos incomodamos de saber, com cinco anos de atraso, algo que já era História no restante do mundo. Nossa velocidade, vejo agora, não era veloz. E isso não tinha a menor importância."

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